Olá, tudo bem?
Escrevo essa crítica sobre os Pistols no lugar de fã, mas depois explico o motivo dessa ser a minha banda favorita. Independente disso, eles tem seus podres e que muitas vezes alguns entusiastas da banda esquecem ou fazem vista grossa.
A questão principal é a utilização de símbolos nazistas pela banda. Em diversas fotos vemos os membros da banda usando roupas com a suástica estampada em suas camisetas.
Em entrevistas, livros e documentários sobre a banda vemos esse assunto voltar. São feitas diversas ressalvas tentando justificar o uso. Dizem que era algo para chocar. Inclusive, na nova série sobre a banda, "Pistol'', do FX, dirigido por Danny Boyle (que também dirigiu Trainspotting), tem uma cena que aborda esse ponto.
Na cena em questão, Vivienne Westwood (que criou as roupas dos Pistols) está estampando suásticas com seu filho, nesse momento Johnny Rotten aparece questionando. A resposta vem, ao meu ver como uma tentativa de passada de pano, que aquilo era uma forma de quebrar tabus e perverter o símbolo nazistas por trocar suas cores e, que Malcom Mclaren (empresário da banda) foi quem deu a ideia e era judeu.
No entanto, esse argumento não justificaria o fato do Sid Vicious ter andado por aí usando uma camiseta vermelha com a suástica, que inclusive nos leva para uma outra tremenda bizarrice.
No filme Sid & Nancy, de 86, o diretor substituiu o figurino de Vicious. Ao invés da suástica, o Sid de Gary Oldman veste uma camiseta vermelha com a foice e o martelo. Essa mistura bizarra deu subsídio para algo que talvez nunca devesse ter existido, o nacional bolchevismo, também chamado por nazbol.
Apesar do nome, o nazbol está longe de ser algo alinhado com a esquerda. Muito pelo contrário! Lênin deve se revirar no túmulo com essa apropriação escabrosa.
Podemos observar que essa atitude irresponsável dos Pistols contribui para induzir ao erro e disseminar algo que, como diz a máxima, “nazismo não se discute, se combate”.
Sabemos que o punk chegou mais tarde no Brasil e que, muitos punks daqui ao ver a emblemática foto de Rotten com a suástica, cruz invertida e os dizeres “destroy”, interpretaram de forma equivocada. O mais triste é sabermos que símbolos relacionados a isso, como a cruz e a caveira nazista aparecem entre alguns grupos de motoclube e bandas, ainda nos dias de hoje.
Não dá para passar pano e desconsiderar toda essa irresponsabilidade por trás da banda. E que, ainda assim, conseguiu contribuir imensamente para uma cena que talvez nem mesmo eles estivessem aptos para participar.
A questão toda dos Pistols envolve mais fatores, tornando-os muito mais complexos. Não teria como dar conta de um assunto tão vasto em um breve e-mail, mas que sem dúvidas, merece um aprofundamento.
Quando tive meu primeiro contato com o som da banda, deveria estar lá pelos meus 15 anos, de forma que carrego uma memória afetiva e tá nos meus favoritos. Afinal, foi pelo interesse nessa cena toda que me envolvi com a cultura do Do It Yourself.
Nessa mesma época, foi quando eu quis aprender a fazer serigrafia em casa. A ideia é para que eu estampasse meus próprios adesivos, camisetas e lambe-lambe.
Quase 10 anos depois de ter parado, voltei a fazer minhas silks e aproveitei para fazer uma série limitadíssima de gravuras.
Serigrafia do Huxley, tiragem de 12 cópias assinadas e numeradas por mim. Impresso em papel 140 g, 29,7x42 cm. R$ 150 cada, para quem estiver por perto e optar pela retirada em mãos ou + frete camarada, a definir, para quem é de fora.
Tem interesse? me chama na DM que combinamos de uma forma que fique legal para nós dois.
Se você gostou desse texto, da serigrafia e quer me ajudar, mas não pode comprar agora, você pode compartilhar nas suas redes o meu trabalho. Essas pequenas coisas me ajudam a continuar por aqui, escrevendo, pintando e pesquisando.
Até a próxima,
Adicionando:
"Arguably, the story of ‘Rock Against Communism’ starts with Eddy Morrison, the National Front Leeds District organiser, who had a taste for punk music, attending many early punk gigs. Notably, he saw the Sex Pistols at the Manchester Lesser Free Trade Hall and again on the Anarchy tour at Leeds Poly, supported by the Clash. And if that were not enough to tell the grandchildren, at the Leeds gig he met a Pistols groupie by the name of Sid Vicious: ‘He had a ripped swastika T-shirt on and was skint so I bought him a bottle of Pils lager. He noticed my sunwheel badge and muttered his approval, a bit blurry as he was well out of it.’
Eddy Morrison recognised that punk rock, which was fast becoming the dominant youth cult, would be a ‘powerful weapon for anyone who could turn it politically.’ However, the left had already stolen a march on the National Front by forming in late 1976 an organization called Rock Against Racism [RAR], which embraced the new sounds of punk, and later the Anti-Nazi League [ANL] to promote action against the National Front. For Eddy Morrison, this situation could not continue. He explained:
<<We either had to condemn Punk or use it. I chose the latter option and started a spoof fanzine called Punk Front which featured a NF logo with a safety pin in it.>>"
Em THE WHITE NATIONALIST SKINHEAD MOVEMENT por Robert Forbes and Eddie Stampton. p.10